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sexta-feira, 9 de abril de 2010

LAÇO DE FITA - PARTE I

O Laço de Fitas
Castro Alves


Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.

Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.

E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!

Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.

Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.

5 comentários:

Viviane Junqueira Ayres disse...

Já tinha passado por lá Vivi! Escolhas impecáveis! Amei os dois poemas, parabéns pelo bom gosto e pela sensibilidade! Queria ter deixado isso escrito lá, mas nunca consigo , mas vc sabe que eu sou fã do teu cantinho!!

Comment de Fê - devidamente copiado e colado!

Caroline Ayres disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Caroline Ayres disse...

Irmã!!!

Como é engraçado!!! Na nossa correria, no nosso dia a dia, acabamos esquecendo quem somos, do que gostamos... Lembro-me adolescente, fazendo minhas redações... sempre aclamadas pela professora... das amizades que iniciei com trocas de e-mails ou cartas (ler-se confidencias, emoções)... e atualmente, completamente esquecida disso tudo, do que gosto, diria até da minha essência (não é a tôa que temos algo no sangue).

Ainda no treinamento tentei fazer algo... mas não conciliava... Era mais feliz??? Acho que sim... não que hoje eu não seja, mas era mais completa... por criar, imaginar, ousar... Pois bem... chegará o meu dia!!!

Acho que vai te fazer muito bem... sair toda essa sua imaginação e cabeça fértil (cabeça essa que de tão fértil, se passar um passarinho e jogar uma sementinha, nasce uma floresta!!!) e acho que é isso que estamos vendo nascer... Por enquanto ainda é uns arbustos... mas depois, veremos (não florestas) mas uma grande selva, onde abriga inúmeras espécies, fauna, flora, árvores multicoloridas, pés-de-moleque, flores de algodão doce...imagina!!! E tudo isso governado por um único animal... o leão.. que te rege... com toda sua força, coragem e determinação!!!

Desejo que seu reinado seja majestoso, como você é... e que agregue mais ainda as inúmeras espécies humanas que você tem, mantém e faz TODA QUESTÃO DO MUNDO em procurar novas criaturas para adentrar no seu mundo maravilhoso!

Irmã!!! TE AMO!!! Acho que deve estar surpresa com esse relato-depoimento, pois sabe como é difícil me expressar e demonstrar emoção!!!
O que escrevo é de coração e com olhos lacrimejados!!!

TE AMO profundamente... você faz parte da minha vida, do meu sangue, da minha linhagem espiritual!!!

Quando sou dura com você, é o meu desejo de querer que você seja melhor do que já é! Então me desculpe!!

TE AMO!!!

Bel disse...

Emocionada te digo .. Vivi. Se esse blog nasceu "só" pra isso ele já teria valido à pena.
Heranças hereditárias como essa valem uma vida toda. Afeto espalhado nessa tela branca é relíquia das mais valiosas. Meus olhos lacrimejaram junto com os dela... com os teus.
Neste caso, a ciranda da vida é cantiga de ninar.

Um beijo,
saudades,

Bel

Vivi Oliveira disse...

Querida Vivi,percebe-se sua sensibilidade ao escolher algo tão lindo quanto esse poema de Castro Alves.Acho-o lindissimo, me lembra a perfeita cena de Sinha Moça, onde o Rodolfo o declama para Sinha moça!A cena é linda, o poema é magnifico e você muito doce! Parabéns pela escolha! Cirandei e me encantei por vc e pelo blog! Cheirinho nordestino! Vivi Oliveira

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