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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Afinidades

Tanto tempo que não tenho vontade de escrever por aqui...
Este blog foi criado em outra época...outros sonhos...
A realidade dele está adormecida...


De vez em quando há sonhos....como hoje...
E nada melhor que o último post do ano para celebrar o que ainda existe...



Não venho hoje escrever sobre o amor...sobre paixão...sobre efeitos na pele...
Quero apenas deixar algumas palavras sobre algo muito maior...sobre afinidade de alma. 



Coisa rara....as palavras são desnecessárias...o silêncio é compreendido.
Espíritos que se encaixam de tal forma que quando próximos formam-se um. 

Almas que se complementam...um tem o que o outro precisa...trocas intensas e sinceras.
O amor se transformou, o desejo homem-mulher foi esquecido, mas a afinidade escancara.
Nunca houve ninguém que tocasse tão fundo...e provavelmente, neste nível de afinidade, não haverá mais.

A afinidade não precisa de convivência para florescer...não precisa viver o dia-a-dia...a afinidade existe independente de... 
Achamos que muito tenha sido ilusão? Não sei... a única certeza que eu tenho é da existência real da "Raríssima Afinidade" que me liga à você. 


Um Feliz 2012 pra ti ...
Um Feliz 2012 para o resto do mundo também...



Mudaram as estações...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

‎"Amar, porque nada melhor para a saúde que um 

amor correspondido". 

(Vinícius de Moraes)

sábado, 27 de agosto de 2011

Alguém Especial - Ivan Martins

É isso que você quer – ou um monte de gente basta?


“Ficar com muita gente é fácil”, diz um amigo meu, com pouco mais de 25 anos. “Difícil é achar alguém especial”.
Faz algum tempo que tivemos essa conversa. Ele tentava me explicar por que, em meio a tantas garotas bonitas, a tantas baladas e viagens, ele não se decidia a namorar.

Ele não disse que estava sobrando mulher. Não disse que seria um desperdício escolher apenas uma. Não falou em aproveitar a juventude ou o momento e nem alegou que teria dificuldade em escolher. Disse apenas que é difícil achar alguém especial.

Na hora, parado com ele na porta do elevador, aquilo me pareceu apenas uma desculpa para quem, afinal, está curtindo a abundância. Foi depois que eu vim a pensar que existe mesmo gente especial, e que é difícil topar com uma delas.

Claro, o mundo está cheio de gente bonita. Também há pessoas disponíveis para quase tudo, de sexo a asa delta. Para encontrar gente animada, basta ir ao bar, descobrir a balada, chegar na festa quando estiver bombando. Se você não for muito feio ou muito chato, vai se dar bem. Se você for jovem e bonita, vai ter possibilidade de escolher. Pode-se viver assim por muito tempo, experimentando, trocando de gente sem muita dor e quase sem culpa, descobrindo prazeres e sensações que, no passado, estariam proibidos, especialmente às mulheres.

Mas talvez isso tudo não seja suficiente.

Talvez seja preciso, para sentir-se realmente vivo, um tipo de sensação que não se obtém apenas trocando de parceiro ou de parceira toda semana. Talvez seja preciso, depois de algum tempo na farra, ficar apaixonado. Na verdade, ficar apaixonado pode ser aquilo que nós procuramos o tempo inteiro – mas isso, diria o meu jovem amigo, exige alguém especial.

Desde que ele usou essa fatídica expressão, eu fiquei pensando, mesmo contra a minha vontade, sobre o que seria alguém especial, e ainda não encontrei uma resposta satisfatória. Provavelmente porque ela não existe.

Você certamente já passou pela sensação engraçada de ouvir um amigo explicando, incansavelmente, por que aquela garota por quem ele está apaixonado é a mulher mais linda e mais encantadora do mundo – sem que você perceba, nela, nada de especial. OK, a garota é bonitinha. OK, o sotaque dela é charmoso. Mas, quem ouvisse ele falando, acharia que está namorando a irmã gêmea da Mila Kunis. Para ele ela é única e quase sobrenatural, e isso basta.

Disso se deduz, eu acho, que a pessoa especial é aquela que nos faz sentir especial.

Tenho uma amiga que anda apaixonada por um sujeito que eu, com a melhor boa vontade, só consigo achar um coxinha. Mas o tal rapaz, que parece que nasceu no cartório, faz com que ela se sinta a mulher mais sensual e mais arrebatada do planeta. É uma química aparentemente inexplicável entre um furacão e um copo de água mineral sem gás, mas que parece funcionar maravilhosamente. Ela, linda e selvagem como um puma da montanha, escolheu o cara que toma banho engravatado, entre tantos outros que se ofereciam, por que ele a faz sentir-se de um modo que ninguém mais faz. E isso basta.

É preciso admitir que há gente que parece especial para todo mundo. Não estou falando de atores e atrizes ou qualquer dessas celebridades que colonizam as nossas fantasias sexuais como cupins. Falo de gente normal extremamente sedutora. Isso existe, entre homens e entre mulheres. São aquelas pessoas com quem todo mundo quer ficar. Aquelas por quem um número desproporcional de seres humanos é apaixonado. Essas pessoas existem, estão em toda parte, circulam entre nós provocando suspiros e viradas de pescoço, mas não acho que sejam a resposta aos desejos de cada um de nós. Claro, todo mundo quer uma chance de ficar com uma pessoa dessas. Mas, quando acontece, não é exatamente aquilo que se imaginava. Você pode descobrir que a pessoa que todo mundo acha especial não é especial para você.

Da minha parte, tendo pensado um pouco, acho que a pessoa especial é aquele que enche a minha vida. Ela é a resposta às minhas ansiedades. Ela me dá aquilo que eu nem sei que eu preciso – às vezes é paz, outras vezes confusão. Eu tenho certeza que ela é linda por que não consigo deixar de olhá-la. Tenho certeza que é a pessoa mais sensual do mundo, uma vez que eu não consigo tirar as mãos dela. Certamente é brilhante, já que ela fala e eu babo. E, claro, a mulher mais engraçada do mundo, pois me faz rir o tempo inteiro. Tem também um senso de humor inteligentíssimo, visto que adora as minhas piadas. Com ela eu viajo, durmo, como, transo e até brigo bem. Ela extrai o melhor e o pior de mim, faz com que eu me sinta inteiro.

Deve ser isso que o meu amigo tinha em mente quando se referia a alguém especial. Se for isso vale a pena. As pessoas que passam na nossa vida são importantes, mas, de vez em quando, alguém tem de cavar um buraco bem fundo e ficar.

Essas são especiais e não são fáceis de achar. 

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CORA CORALINA

Cora Coralina é atemporal e as suas palavras me fizeram tão bem!!!

Ontem eu estava triste..tristinha...mas se me perguntares por que...hoje eu já não sei responder. Ficou no ontem...não chegou no hoje.
Hoje o dia foi brilhante, cheio de novos olhares, novas sensações e de sessão dupla de análise.
Vou tirar um dia só pra falar das minhas sessões,mas confesso que foi a segunda melhor coisa que fiz pra mim mesma este ano.
Hoje eu saí tão leve, tão confiante de que estou no caminho certo, que um novo horizonte se abriu...
Percebi que estava olhando apenas dentro da caixa...abri a tampa...tem uma vida inteira sorrindo para mim do lado de fora dela... e a única coisa que me resta é desvendá-la. 


O QUE É VIVER BEM?
 Por Cora Coralina 
Saber viver, segundo Cora Coralina | Cuidar de Idosos | http://www.cuidardeidosos.com.br/saber-viver...  
Um repórter perguntou à CORA CORALINA (poeta que viveu até 95 anos) 
O que é viver bem?
Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você,não pense.
Nunca diga estou envelhecendo,estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha,e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda,eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida,porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente,digo sempre:estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida,mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado,e que trago comigo todas as idades,mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu,ou mais velhos que eu,para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar,mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade,despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto,pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear,produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso,com esperança. Penso no que faço,com fé. Faço o que devo fazer,com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor,pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar,cabe a mim decidir entre rir ou chorar,ir ou ficar,desistir ou lutar;porque descobri,no caminho incerto da vida,que o mais importante é o decidir.

Clap, clap, clap! Levanto-me para aplaudir! 
*Não tenho como garantir que é realmente de autoria da Cora Coralina. De qualquer forma, são palavras de alguém que sabia muito bem o que estava falando! 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Martha Medeiros e Cássia Eller


"Que por descuido abriu uma carta que voltou...

Levou um susto que lhe abriu a boca...

Esse recado vem pra mim...não pro senhor!!! "



Cartas Extraviadas - Martha Medeiros
Carta Extraviada 

Não sei por onde começar esta carta que já nasce atrasada, pensamos sempre que temos muito a dizer mas as palavras são pouco amistosas, onde encontrá-las agora, às três e dez de uma madrugada em que me encontro insone e pensando mais uma vez em você?

Você esperou por estas palavras por muitos meses, na esperança de que elas aliviariam a dor do seu coração, mas elas não vieram porque estavam ocupadas vigiando meus impulsos, me impedindo de me abrir, e minha própria dor lhe pareceu desatenção, eu que não durmo de tanta paixão congestionada, de tanto desejo represado, de tão só que estou.

Meus motivos sempre lhe pareceram egoístas, e se eu lhe disser que o descaso aparente foi na verdade uma atitude consciente para preservar você, me chamarás de altruísta e não sairemos do mesmo lugar.

Eu errei por não permitir que você me oferecesse seu afeto, eu errei ao sobrevalorizar um risco imaginário, eu errei por achar que existem amores menores e maiores, avaliados pelo tempo investido, pela contagem dos beijos, pelas ausências sentidas, por tudo isto fui conduzido a um erro de cálculo.

Não te peço nada além de compreensão, e esta carta nem era para pedir, mas para doar, eu que sempre me achei bom nessas coisas, o voluntário da paz, o boa-gente oficial da minha turma.

Mas peço: lembre de mim como alguém que alcançou a mesma medida do seu sentimento, a mesma profundidade das suas dúvidas, o mesmo embaraço diante da novidade, o mesmo cansaço da luta, a mesma saudade.
A carta vem tarde e redigida com palavras covardes, as corajosas repousam pois se imaginam já ditas e escritas, valentes foram as palavras do início, as desbravadoras, as que ultrapassaram limites, quando nós dois ainda não sabíamos do que elas eram capazes, palavras audazes, febris.

Pela enormidade de tempo que temos pela frente em que não nos veremos mais, não nos tocaremos ou ouviremos a voz um do outro, pela quantidade de dias em que conduzirás tu vida longe de mim e eu de ti, pela imensidão da nos descrença, pela perseverança da nossa solidão, pelos nãos todos que te falei, pelo pouco que houve de sim, acredita: te amei além do possível, não te amei menos que a mim.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mulheres - Gabito Nunes

Uma vez me perguntaram se meus textos não interferem na concórdia de meus relacionamentos. Respondi que dava os ombros, pois gostava muito mais de escrever que de mulher. Mentira. A pior de todas as minhas mentiras. Se ganho dinheiro escrevendo e o gasto com mulheres, tá claro. Damas primeiro.

Quando tive de escrever sobre desfiles de moda, engraxates ou governadores de estado me via achatado, infausto, suprimido. Encontrei o bônus ortografando a mulher. No fim, a isso se resume minha vida. Mulher, mulher, mulher.

Eu durmo pensando em mulher, acordo pensando em mulher, tomo café, banho de açude, jogo futebol, vou ao cinema, trabalho, depilo a virilha, assisto o pôr do sol pensando em mulher. Até quando estou com mulher ou dentro de uma, ainda assim penso em mulher. Ok, exceto se preciso retardar o gozo, aí penso no Grêmio de 83 ou no Pedro de Lara. Mas mulher é meu Transtorno Obsessivo Compulsivo irremediável, com a graça de deus. Nem a Maria Bethânia me bate. Gosto delas em todos os níveis possíveis, passíveis e admiráveis. E não falo somente de sexo.

Gosto quando são mães e notam nossas camisas amarrotadas, ordenam dezessete vezes pararmos de roer unha, recolher a toalha úmida da cama. Gosto da amiga que finge entender se você conta sobre um trabalho que fez de social media marketing. Da mulher filha que fica de beiço se você recusa uma massagem. Da namorada que liga pra você com saudade no meio da tarde. Da "puta", perseguindo o transe torturando o lábio inferior com os olhos tontos e ofegantes.

Gosto de mulher quando tá com ciúme, menstruada, mentindo pra si mesma, fazendo cena, chorando baixinho, com cheiro de xampu, suada da academia, com dor de dente, discutindo com o cortador de frios, descalça, de salto alto, se olhando no espelho, cozinhando, produzida pra festa, caminhando de sutiã pela casa, cantando Vanessa da Mata, Rangel ou Camargo.

Adoro porque são tudo que jamais serei, porque dentro delas tem um relógio despertador que não as deixa esquecer que sem amor não tem graça viver, porque fazem eu me sentir desse tamanhozinho quando arregaçam suas emoções.

Nem me importo se me fazem sofrer feito o Tim Maia, amo tudo nelas. Suas confusões mais inusitadas, seus coquetéis bioquímicos explosivos, seus contraditórios pedidos de desculpa depois de meia hora dizendo que faço tudo errado, que sou o fator de seus cabelos brancos. Amo dentes, franjas, canelas, nucas, pernas, calcanhares, cada dedinho do pé, cada pelo, cada cheiro, cada tonalidade, cada curva, cada sorriso, cada manhã que acordo com uma por perto.

Falando nisso, não consegui vislumbrar se o dia em que me casar será o mais feliz ou triste da minha vida. Feliz, porque vou me juntar a uma pelo resto da minha vida. Ou triste, porque vou me juntar a uma pelo resto da minha vida. Bom, não sei e também nem quero pensar nisso. Quero pensar em mulher. Porque mulher é bom pra cacete. Aliás, se deus inventou algo melhor, tenho até medo de saber.



Fonte: www.carascomoeu.com.br

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sempre Vinícius...

Receita de mulher - Vinícius de Moraes

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Colhendo Clarice...

"Precisão"
O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.


Toda a parte mais inatingível de minha alma e que não me pertence - é
aquela que toca na minha fronteira com o que já não é eu, e à qual me dou. Toda
a minha ânsia tem sido esta proximidade inultrapassável e excessivamente
próxima. Sou mais aquilo que em mim não é.
E eis que a mão que eu segurava me abandonou. Não, não. Eu é que
larguei a mão porque agora tenho que ir sozinha.
Se eu conseguir voltar do reino da vida tornarei a pegar a tua mão, e a
beijarei grata porque ela me esperou, e esperou que meu caminho passasse, e
que eu voltasse magra, faminta e humilde: com fome apenas do pouco, com fome
apenas do menos.
(A Paixão Segundo GH. PÁG 123)


Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.


"PRECISA-SE"
Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilarecerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

sábado, 16 de julho de 2011

LOGO DE MANHÃ... BOM DIA!!!

BOM DIA!!!!!!!!!!!!!

O dia hoje nasceu tão azul...as cores mais fortes...o calorzinho do sol entrando na pele! 
Merecia uma dose de músicas leves e vibrantes... coloquei Rita Lee na Vitrola! 
A vida me brindando... eu brindando a vida!! 
Que o dia seja doce...leve e bem feliz!!!! 



Escolhi uma das músicas do repertório de hoje para ilustrar o que estou sentindo...


Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz



(escolhi o vídeo da tour de 87/88 que virou um especial de tv pela saudosa Rede Manchete...olha ela de polaina..rsrr)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ENCONTROS E DESENCONTROS

A VIDA NOS PREGA CADA PEÇA...




Esta música diz na sua última estrofe exatamente o que estou sentindo...
A leve impressão de que já vou tarde...
E o mais impressionante de tudo...é a falta de emoção...
Como diz Arnaldo Antunes... Socorro...


Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada

terça-feira, 12 de julho de 2011

CAIPIRA MAIS LINDA DA MAMÃE..

Olha que coisa mais lindaaaaaaaaaaaaa!!!! 

Abre a porta Mariquinha!!!!

Eu não abro não...
Deslumbrante (babando muito)

Pena que a filmagem foi super amadora...





apresentação do jazz...

A MULHER INVISÍVEL - Texto de Regina Teixeira da Costa

A mulher invisível


“O homem não sabe o que fazer para saciar uma mulher porque logo outro desejo brota”
Regina Teixeira da Costa
O que quer uma mulher? A pergunta é antiga, desde sempre feita e refeita pelos mais diversos pensadores e permanece sem resposta. Permanece perturbando o sono e sonhos de muitos amantes inconformados pelos percalços da vida amorosa, que mais faz barulho do que traz repouso à alma.
Decerto, cada sujeito tem desejos singulares e diferenças fundamentais do outro, qualquer outro. Nenhum homem é perfeito nem tampouco existe “a mulher” amada, idealizada pelos românticos. Todas deixam a desejar. Ainda bem! Nem se encontra a perfeição em lugar algum. Há lindas, nem por isso perfeitas. Longe disso. Além de desejantes, limitadas e insatisfeitas, nem elas sabem dizer exatamente o que querem.
Os homens igualmente não alcançam a plenitude. Nenhum homem, por mais potente que seja, poderá fazer tudo que quer do seu jeito e do jeito que sua mulher deseja. O homem não sabe o que fazer para saciar uma mulher porque logo outro desejo brota. Não há relações fáceis. Quem consegue abrir mão de todo seu desejo para atender o outro?
Pensando bem… na paixão fazemos exatamente isso. Pela chance da felicidade total, dá vontade de largar tudo e se jogar, corpo e alma fundidos ao outro, cara-metade, alma gêmea. É uma loucura. Acreditamos encontrar alguém do nosso número, como se fosse o modelito ideal e customizado! O que ilustra isso muito bem é o e-mail de uma leitora: “… para mim uma eterna questão: o ‘amor’, seus lances, enlaces, entraves. A forma que arrumamos ou, às vezes, programamos para estar com o outro… E ontem, assistindo ao novo programa da Globo, A mulher invisível, comecei a refletir sobre a metáfora passada por quem escreve o programa. O ‘amor’… a fantasia/idealização criada sobre a pessoa amada… É mais ou menos essa a ideia passada pelo programa: Pelo menos na minha forma de entender… Como tudo depende do olhar do observador, talvez minha ‘leitura’ diga mais de mim do que do programa, mas ainda assim acho válida a discussão…
A gente ama uma idealização, uma fantasia, algo nosso que refletimos ou delegamos ao outro. E quando a cortina cai, deixando essa verdade nua, o relacionamento acaba ou cria-se outra fantasia que ampare/substitua a anterior… cria-se ‘a mulher invisível’! Cria-se uma nova fantasia que preencha os requisitos que o real não tem, que tampone os furos que você não quer enxergar/aceitar… No fim das contas, o que prevalece é você e seu ideal… seja ele alto ou baixo, loiro ou moreno… um ‘ideal’, e pessoa nenhuma, amor nenhum será capaz de acompanhá-lo, superá-lo… Mas, como ocorre em toda escolha, você estará fazendo uma renúncia: abdicará do real para viver a fantasia… E eu me pergunto: vale a pena?… é nisso que se resume o amar?… Talvez o número enorme e crescente de solteiros possa dar alguma dica…”
A leitora disse tudo nessas questões, pois o amor faz esse engano. Doce veneno que tomamos felizes, com medo das consequências, mas quem pode dizer que não vale a pena? Portanto, como somos todos vítimas e autores ao mesmo tempo desse amor inventado, com o tempo ele mostra que podemos aprender a gostar do outro, suportar suas diferenças e apesar de todos os seus sintomas. Ao contrário, se amamos apenas a nós mesmos no outro, não suportando ser ele além de nossa própria imagem, ficamos presos como Narciso à beira do lago, apaixonado por seu próprio reflexo. Afogado no amor próprio. É isso aí. Amar o diferencial e saber construir parcerias duradouras é a arte de sobreviver a dois. Parabéns aos que sabem como navegar nessas águas, porque navegar é preciso e amar… amar é arte!
Publicado originalmente no jornal Estado de Minas em 10/07/2011. Fonte: UAI

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mais um dia memorável na minha vida...

Quem foi que disse que o Céu é muito longe?
Não para mim...Eu alcanço as estrelas! 

"Foi um dia memorável, pois operou grandes mudanças em mim. Mas isso se dá com qualquer vida. Imagine um dia especial na sua vida e pense como teria sido seu percurso sem ele. faça uma pausa, você que está lendo, e pense na grande corrente de ferro, de ouro, de espinhos ou flores que jamais o teria prendido não fosse o encadeamento do primeiro elo em um dia memorável."

Charles Dickens, Grandes Esperanças


  

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Transformação

Oi gente...dei um sumiço por aqui...mas saibam que foi por uma boa causa.

Estou passando por uma transformação que vai mudar muita coisa em minha vida a partir da próxima semana.

Meu processo de transformação começou com a coragem de realizar um procedimento que há muito tempo eu queria, mas tinha medo.  Depois foi só um pulo para começar a fazer terapia...

Minha psicóloga diz que em 6 sessões já vê transformação no meu modo de pensar...de enxergar as situações e de querer mudar... e eu acredito nela.  Estou realmente me transformando...tendo mais cuidado comigo...dedicando mais tempo ao meu crescimento interior.

Semana passada eu dei uma escorregada...mas isso faz parte do crescimento também...e diante de tudo que vêm pela frente eu preciso me perdoar e seguir em frente.

Fase de jogar fora o que não serve mais...e isso são roupas, livros, pensamentos, preconceitos, atitudes e pessoas.

Li um livro que me fez chorar tanto...tanto...porque simplesmente não queria aquela vida que estava ali descrita...mas que parecia tão destinada à mim. Não quero! Ponto! Mereço e quero muito mais...
Este livro só não foi pro lixo porque eu ganhei de um amigo muito especial...mas vai ficar de castigo na estante!

Tenho uma vida inteira para viver...tenho amigos deliciosos...tenho uma filha maravilhosa....tenho humor...tenho inteligência...tenho felicidade e modéstia.. rsrsr

Minha nova fase começa no sábado...e quem quiser estar ao meu lado é muito mais que bem vindo...será tratado a pão de ló e com torrões de açúcar.

Mil beijos da mais nova borboleta...   

sexta-feira, 24 de junho de 2011

AUGUST STRINDBERG

PRÓLOGO POR OCASIÃO DA ABERTURA DO TEATRO ÍNTIMO, EM ESTOCOLMO

Estamos no final do dia, (…)
Reunidos nesta pequena sala
Quase debaixo da terra, por assim dizer,
Protegidos da rua e de seu tumulto
Nesta câmara, propícia às confidencias
Onde poderemos, na intimidade,
Expandir o excesso dos nossos corações
A palavra íntimo vai ser a palavra de ordem do nosso grupo (…)
Mas por favor, não exijam de nós nada de novo
Ou de sensacional
Não irão ver aqui senão a velha lenda da vida
Todas as suas faces, todos os seus horrores
O bem e o mal, a grandeza e a pequenez
Intimamente, sem dúvida, mas com confiança e gravidade.
Não se pode sorrir sempre
E a vida nem sempre é muito alegre…
Começamos, esta noite, com uma tragédia
E as tragédias não são muito divertidas!
Dito isto, já podem imaginar o que virá neste espetáculo de “diferente”.
O que quero dizer é que aqui abreviamos os sofrimentos. (…)
Quando tiver começado o espetáculo, quando o pano subir,
Debaixo de cem luzes, ou mais, nós atores nos mostraremos
Enquanto vocês, na sombra ocultos,
Terão os sentimentos e os olhares protegidos.
Não julguem duramente aqueles que vão se expor
Quer às correntes de ar, quer às luzes da cena
Enquanto vocês ficarão na platéia escondidos, (…)
Nós e o nosso poeta vamos travar batalha
E vocês, tranquilamente, nos olharão
Iremos reviver no sofrimento
Um pouco a vida humana e em breves instantes!
“Piedade e temor”, tal era a exigência dos Antigos
Quanto à tragédia, piedade pelos que são postos à prova
Quando os deuses, em reunião secreta
Agitam os destinos diversos e variados
Dos filhos dos homens!
Nós, os modernos, já evoluímos
E mudamos de tom:
Humildade, resignação
No caminho que leva
Desde a ilha da vida até a ilha da morte.

August Strindberg


Não conhecia Strindberg...assisti ontem a Pré-Estréia da peça Cruel (baseada na tragicomédia Os Credores, escrita em 1888) e fiquei impressionada com seu texto tão atual, suas verdades dilacerantes e a crueldade dos seus personagens.  

Mesmo não querendo, conseguimos nos identificar em várias situações ali expostas...é o homem em conflito com seus valores, seus desejos, suas fraquezas. 


Quando acabou fiquei com gostinho de "quero mais"...



O espetáculo estreia no dia 27 de junho e fica em cartaz no Teatro Faap até 04 de outubro. As apresentações são em dias alternativos: às segundas e terças, às 21h. Ainda não foi aberta a temporada de viagens...mas se a peça for em sua cidade... não perca!!!  


SUPER INDICO!!!!



"No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar". August Strindberg

terça-feira, 21 de junho de 2011

Eu achei que era pra sempre

Houve um tempo em que qualquer silêncio da parte dela, eu imaginava despedidas ao ritmo de tango argentino com sanfonas ao fundo.
Depois eu cresci...aprendi sobre seus silêncios, suas pausas, seus medos, suas vontades.
E acreditava que não importava o que acontecesse...distância, doenças, discussões, medos, inseguranças, etc, nada iria nos separar.
Éramos eternas...eramos sempre...simplesmente éramos.
E se não havia medo não havia dor....simplesmente tinha certeza que nada abalaria as estruturas definitivamente.
Mas acontece que ela é de carne e osso...com suas vontades...seus anseios...seus conceitos e preconceitos...ela é feita das suas próprias idéias...da sua força e da sua fraqueza também.
Eu achei que minha avó estaria aqui pra sempre... e a dor de constatar esta inverdade é física...dói...dilacera...entristece
Mas o meu tempo...não é o mesmo tempo dela...e eu preciso respeitar isso.
Eu só quero que ela saiba, antes de partir de uma vez, que ela marcou profundamente o meu ser...que nunca haverá ninguém capaz de ocupar o seu espaço no meu coração e que eu tenho certeza de que nunca serei capaz de encontrar alguém que me faça tão feliz como ela me fez... mas serei feliz...
Falta um dia para a chegada do inverno...mas este ano..ele se antecipou...


ps: Gente, só para explicar, que Graças a Deus, minha avó está muito bem...eu apenas usei um sonho como base...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

COMEÇAR DE NOVO

Erros passados, tristezas contraídas, lágrimas choradas, desajustes crônicos!...

Às vezes acreditas que todas as bênçãos jazem extintas, que todas as portas se mostram cerradas à necessária renovação!...

Esqueces-te, porém, de que a própria sabedoria da vida determina que o dia se refaça cada amanhã.

Começar de novo é o processo da Natureza, desde a semente singela ao gigante solar.

Se experimentaste o peso do desengano, nada te obriga a permanecer sob a corrente do desencanto. Reinicia a construção de teus ideais, em bases mais sólidas, e torna ao calor da experiência, a fim de acalentá-los em plenitude de forças novas.

O fracasso visitou-nos em algum tentame de elevação, mas isso não é motivo para desgosto e autopiedade, porquanto, freqüentemente, o malogro de nossos anseios significa ordem do Alto para mudança de rumo, e começar de novo é o caminha para o êxito desejado.

Temos sido desatentos, diante dos outros, cultivando indiferença ou ingratidão; no entanto, é perfeitamente possível refazer atitudes e começar de novo a plantação da simpatia, oferecendo bondade e compreensão àqueles que nos cercam.

Teremos perdido afeições que supúnhamos inalteráveis; todavia, não será justo, por isso, que venhamos a cair em desânimo.

O tempo nos permite começar de novo, na procura das nossas afinidades autênticas, aquelas afinidades suscetíveis de insuflar-nos coragem para suportar as provações do caminho e assegurar-nos o contentamento de viver.

Desfaçamo-nos de pensamentos amargos, das cargas de angústia, dos ressentimentos que nos alcancem e das mágoas requentadas no peito! Descerremos as janelas da alma para que o sol do entendimento nos higienize e reaqueça a casa íntima.

Tudo na vida pode ser começado de novo para que a lei do progresso e de aperfeiçoamento se cumpra em todas as direções.

Efetivamente, em muitas ocasiões, quando desprezamos as oportunidades e tarefas que nos são concedidas na Obra do Senhor, voltamos tarde a fim de revisá-las e reassumi-las, mas nunca tarde demais.

Ditado pelo Espírito Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Do Livro: 'Alma e Coração'

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Por que não??

"Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem "Por quê?"
Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo "Por que não?"

-- George Bernard Shaw

domingo, 5 de junho de 2011

Esse seu olhar...



Este Seu Olhar
João Gilberto
Composição : Tom Jobim

Este seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso
Acreditar...
Doce é sonhar
É pensar que você
Gosta de mim
Como eu de você...
Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração
De quem sonhou
Sonhou demais
Ah! Se eu pudesse entender
O que dizem os seus olhos...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

...



Eu gosto tanto de reticências
Porque nelas se engloba um mundo inteiro...


Um mundo de vontade...
Um mundo de intenções...
Um mundo de palavras que não podem ser ditas...


E quais as minhas atuais intenções? Eu não sei...
Quais são as minhas vontades? Eu não sei...
Quais as palavras que quero gritar ou esconder? Eu juro que não sei...


Que falta me faz saber o que fazer e o que falar e o que lutar por...
As reticências não me ajudam agora...


Que falta eu estou sentindo de mim....


Acho que a única coisa que eu sei é que estou precisando de colo e aconchego...

MOMENTO MONSIEUR BINOT



Monsieur Binot
Joyce
Olha aí, monsieur Binot
Aprendi tudo o que você me ensinou
Respirar bem fundo e devagar
Que a energia está no ar
Olha aí, meu professor,
Também no ar é que a gente encontra o som
E num som se pode viajar
E aproveitar tudo o que é bom
Bom é não fumar
Beber só pelo paladar
Comer de tudo que for bem natural
E só fazer muito amor
Que amor não faz mal
Então, olha aí, monsieur Binot
Melhor ainda é o barato interior
O que dá maior satisfação
É a cabeça da gente, a plenitude da mente
A claridade da razão
E o resto nunca se espera
O resto é próxima esfera
O resto é outra encarnação!!!

Sempre amei esta música...desde quando ouvia pequena Joyce cantando na Vitrola da minha mãe e depois no CD... mas hoje eu me encantei com ela novamente... ouvi a filha de Martinho da Vila Maíra Freitas...pena que não achei a versão no youtube...mas fica a dica pra vocês...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

JUNHO PELOS OLHOS DA BORBOLETA


Que Junho venha assim...

Com cheiro de milho...
Multicolorido como as bandeirolas que enfeitam as ruas...
Que faça minha alma subir como o balão que vara o céu azul estrelado... 
Que traga dança...xote e baião no salão... 
Que me aqueça como aquele licor adocicado 
Que Junho seja tão bom...que me faça esquecer de maio...



"Porque o que a gente leva dessa vida, coração
É o amor que a gente tem pra dar" 




Junho pelos olhos da Borboleta



É junho. Já sinto o cheiro de mugunzá. De pamonha. Canjica. Já os pés mais leves de quadrilhas lembradas e esperadas. Já cores e promessas de risos a mais. Um último réquiem para maio: começaste muito pior do que terminaste. Em algum momento me trouxeram de volta o riso. Trouxeram-me a espera e a inquietação. Não faz mal, melhor o tanto querer que me agita que a apatia e desesperança. 

É junho e há tantas cores a mais. E vestidos. Bandeirinhas e balões. Há mais música, sanfonas choradeiras a me convidar o corpo. Há anseios por salas de reboco. Há inesperadas coreografias ou ensaiados passos. Há chuva, mas de bala. Há santos que casam e tantas simpatias. Acho lindo esse nome: simpatia. É lúdico e escorre da língua. Dá vontade de sorrir. 

É junho e há um certo cansaço de fim de semestre, mas é morosidade de fim de tarde e rede na varanda chupando rolos de cana. É doce. O corpo se lembra de se saber carne. Gosto dos momentos finais do semestre, o assombro de alguns, a tranquila certeza de uns poucos, a agitação de muitos. Gosto de olhar acertos e equívocos e já saborear a expectativa do novo, do outro, do próximo.


É junho e há chegadas. Há amiga que cruza o oceano. Traz, nos olhos, no colo e no riso, um saber novo. Eu a espero com um querer bem que se faz abraço e histórias e silêncio, muito silêncio de simplesmente se olhar e saber que uma e outra se são em amor. Há amigas que vem do Sudeste. Ali, de um frio sem espelho aqui. Vêm em encanto, em conversa, em aprendizado. Vêm em entrega. Em revelações. São bárbaras. Desbravam meus caminhos e me dão a conhecer. Eu as espero com varandas, livros e cervejas. Eu as espero com solar afeto. Com risos e danças e juninas belezas.

É junho e as meninas só pensam em namorar. E usam saia que termina muito cedo porque facilita. É junho e eu não preciso chorar porque a sanfoninha chora chora a minha dor. É junho de terreiro iluminado, de fogueiras saltadas, tempo em que eu me amoreno em cheiro de fulô. Junho de cabo a rabo tempo de sentir o sertão latejando no pulso.  


É junho, não mais maio, não ainda julho. 
É junho. Junho. Junho em amarelos. Em sol. Calor de praia. Convite. É junho para os sentidos. Para ver o que há pra se desejar. Cobiça. É junho pra ouvir. Vezes e vezes a voz se fazendo música. Junho para tocar, a pele se fazendo seda. Para provar. Deixar-se ser sabor. Junho para oferecer. E torcer. Junho para despir a tristeza de maio, a angústia de maio, o vazio de maio. Nua de maios, estou pronta. É junho. 

Post escrito por Luciana Nepomuceno...borboleta colorida que nos faz voar junto com ela...
Depois vou fazer um post só de músicas juninas lindas para vocês ouvirem e conhecerem!