PRÓLOGO POR OCASIÃO DA ABERTURA DO TEATRO ÍNTIMO, EM ESTOCOLMO
Estamos no final do dia, (…)
Reunidos nesta pequena sala
Quase debaixo da terra, por assim dizer,
Protegidos da rua e de seu tumulto
Nesta câmara, propícia às confidencias
Onde poderemos, na intimidade,
Expandir o excesso dos nossos corações
A palavra íntimo vai ser a palavra de ordem do nosso grupo (…)
Mas por favor, não exijam de nós nada de novo
Ou de sensacional
Não irão ver aqui senão a velha lenda da vida
Todas as suas faces, todos os seus horrores
O bem e o mal, a grandeza e a pequenez
Intimamente, sem dúvida, mas com confiança e gravidade.
Não se pode sorrir sempre
E a vida nem sempre é muito alegre…
Começamos, esta noite, com uma tragédia
E as tragédias não são muito divertidas!
Dito isto, já podem imaginar o que virá neste espetáculo de “diferente”.
O que quero dizer é que aqui abreviamos os sofrimentos. (…)
Quando tiver começado o espetáculo, quando o pano subir,
Debaixo de cem luzes, ou mais, nós atores nos mostraremos
Enquanto vocês, na sombra ocultos,
Terão os sentimentos e os olhares protegidos.
Não julguem duramente aqueles que vão se expor
Quer às correntes de ar, quer às luzes da cena
Enquanto vocês ficarão na platéia escondidos, (…)
Nós e o nosso poeta vamos travar batalha
E vocês, tranquilamente, nos olharão
Iremos reviver no sofrimento
Um pouco a vida humana e em breves instantes!
“Piedade e temor”, tal era a exigência dos Antigos
Quanto à tragédia, piedade pelos que são postos à prova
Quando os deuses, em reunião secreta
Agitam os destinos diversos e variados
Dos filhos dos homens!
Nós, os modernos, já evoluímos
E mudamos de tom:
Humildade, resignação
No caminho que leva
Desde a ilha da vida até a ilha da morte.
August Strindberg
Não conhecia Strindberg...assisti ontem a Pré-Estréia da peça Cruel (baseada na tragicomédia Os Credores, escrita em 1888) e fiquei impressionada com seu texto tão atual, suas verdades dilacerantes e a crueldade dos seus personagens.
Mesmo não querendo, conseguimos nos identificar em várias situações ali expostas...é o homem em conflito com seus valores, seus desejos, suas fraquezas.
Quando acabou fiquei com gostinho de "quero mais"...
O espetáculo estreia no dia 27 de junho e fica em cartaz no Teatro Faap até 04 de outubro. As apresentações são em dias alternativos: às segundas e terças, às 21h. Ainda não foi aberta a temporada de viagens...mas se a peça for em sua cidade... não perca!!!
SUPER INDICO!!!!
"No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar". August Strindberg
Toronto, Parte II
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Neste segundo momento de Toronto, começamos pela Casa Loma, ou casa da
colina. O palacete era de uma família de financistas, e data de 1911. Foi
durante an...
1 comentários:
Que maravilhoso esse pensamento que há na relação entre o artista que vive uma personagem e a plateia que o devora. Sempre devora. Essa proposta de teatro íntimo. Essa intenção mais real que parte do habitual para o terreno arenoso da teatralização. Bonito isso de baixar as expectativas e se deixar ir junto com a peça. De se ver antes de tudo e todos. Ter compaixão por quem se expõe e deixa aberta suas feridas.
Tomara que haja espetáculo aqui em Curitiba .. Fiquei com vontade de me auto-devorar através deles.
Srta... Sempre envolvida em arte e Com as pessoas que a produzem.
Que linda vida!
Um beijo e saudades
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